4ª revolução industrial: Faça mais com menos

4ª revolução industrial: Faça mais com menos

Desde a Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, nós continuamos produzindo mais e mais, enquanto trabalhamos menos. A era digital acelerou a produtividade mais ainda. É provável que a próxima revolução industrial foque não apenas no fazer mais rápido, mas também em fazer com menos recursos.

“Nós temos o mesmo potencial para um aumento na produtividade de 10 a 15 vezes do que vimos na Revolução Industrial,” afirma Stefan Heck, professor consultor na Universidade Stanford e coautor do livro “Revolução dos Recursos: Como Conquistar a Maior Oportunidade de Negócios em um Século”. Na Revolução Industrial, “foi a produtividade do trabalho que foi melhorada. Agora, nós podemos fazer isso com recursos. Nós temos melhorado no passado, mas de forma modesta – menos do que 1% para a água a 1.5% para o gás.”

A população global quadruplicou durante o século 20, enquanto que o volume de material extraído ou colhido aumentou oito vezes, de acordo com o livro Gestão de Materiais Sustentáveis: Fazendo um Uso Melhor dos Recursos (“Sustainable Materials Management: Making Better Use of Resources”), da Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Organization for Economic Cooperation and Development).

Espera-se que as cerca de 2.5 bilhões de pessoas em mercados emergentes, pronta para se juntar à classe média até o ano de 2030, aumente o consumo de todas as coisas, de alimentos à água e à energia.

As previsões sobre o dia do Juízo Final, de que vamos ficar sem petróleo ou outros recursos, não parecem prováveis, pois a tecnologia continua apresentando novas formas de acessar o que precisamos. Contudo, “nós já recuperamos os melhores recursos,” diz o Dr. Heck. Aqueles que nós ainda não exploramos “são mais caros para recuperar – eles estão em locais mais profundos, mais distantes do litoral e têm qualidade inferior.”

Para atender à demanda global de fazer previsões sobre o ano de 2030, nós precisaríamos estimular o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) por tonelada métrica de materiais em 1.3% por ano, os lucros por hectare em alimentação em 1.5%, o PIB por Unidade Térmica Britânica (BTU) de energia em 3.2% e o PIB por metro cúbico de água em 3.7%, ele diz.

O senhor John Beddington, conselheiro científico chefe do governo britânico, fez uma previsão similar, afirmando que até 2030, o mundo precisará de 50% a mais de alimentos e energia, e 30% a mais de água para fornecer à população que está crescendo em até seis milhões de pessoas por mês.

Tal aumento substancial da produtividade pode ser alcançado ao “combinar-se informação tecnológica, ciência de materiais em nano escala e biologia com tecnologia industrial,” diz o Dr. Heck. “O benefício é, se você tem esse nível de mudança da produtividade, há bilhões em riqueza a ser criado.”

4ª revolução industrial: Faça mais com menos

O Dr. Heck lista cinco níveis para produzir a revolução dos recursos:

  • Reduzir a produção de resíduos.
  • Substituir por algo mais eficiente. Por exemplo, fabricantes de carros estão usando cada vez mais materiais de compostos leves ou alumínio ao invés de aço para reduzir o consumo de combustível. A mudança de um veículo movido a gasolina – apenas 30% eficiente – para um veículo elétrico – 96% a 98% eficiente – requer menos energia. Proteínas derivadas de plantas podem substituir a fonte intensiva de proteínas animais, ao menos em parte do tempo. “Há múltiplos ganhos – benefícios ao meio ambiente, benefícios com o custo, benefícios ao consumidor, benefícios à saúde,” diz o Dr. Heck.
  • Otimize, usando sensores de controle para melhorar a eficiência. O Dr. Heck descreve uma fábrica de aço que foi modernizada com sensores e robôs. Trabalhadores que antes precisavam vestir equipamentos de proteção agora manipulam o aço de forma remota, na segurança de uma sala de controle. A fábrica cortou o uso de energia em 20%-25% e aumentou a produção. Outro exemplo está usando o GPS e software para otimizar rotas de delivery, economizando tempo e combustível.
  • Virtualize, transformando bens físicos em serviços ou movendo-se online. A quantidade de milhas dirigidas, a quantidade de carteiras de motorista entregues e o combustível utilizado nos EUA chegou ao ponto máximo em 2006, antes da recessão. Isso se deve em parte porque as pessoas haviam trocado para a compra e o uso de serviços bancários online – “quando você multiplica a menor quantidade de viagens pelo total da população, você tem economias significativas,” afirma o Dr. Heck. Ao mesmo tempo, os bancos, por exemplo, economizam ao não ter que operar tantas agências.
  • Recicle, reutilize e renove. Diversas empresas estão pegando produtos antigos, removendo as partes que ainda estão boas para reprocessá-las e colocá-las em produtos novos. “Isso muda a equação dramaticamente,” diz o Dr. Heck. “Nós tivemos uma economia onde a maioria dos produtos era usada uma vez e acabavam em um aterro.”

 Os benefícios da 4ª Revolução industrial

Telefones celulares costumavam ser usados e então, jogados fora, mas uma série de serviços têm surgido para recolher o seu telefone antigo quando você compra um novo, e para vender telefones que ainda estão funcionando em países em desenvolvimento ou para desmontar telefones quebrados para recuperar materiais. “Há 100 vezes mais ouro por peso em telefones do que em uma mina de ouro na África,” afirma o Dr. Heck.

Baterias de chumbo e ácido eram coletadas para se reprocessar o chumbo, que é a parte responsável pelo custo de uma nova bateria. Ao criar um circuito fechado para o chumbo, “há tanto um benefício econômico como também um enorme benefício ao meio ambiente. Se você olhar para o que eles estão fazendo, trata-se de um negócio de chumbo rentável,” ele diz.

Empresas que têm ganhos com descontos de produtos, precisam de novos modelos de negócios para incentivá-las a fazer seus produtos mais duráveis. “Se os carros são compartilhados, então você está fazendo dinheiro com o uso de carros, não nos descontos,” ele afirma.

Quando o lixo é espremido do sistema industrial, “as coisas ficam mais baratas, e nós podemos ter o mesmo nível de serviço ou qualidade de vida com menos recursos,” diz o Dr. Heck. “Nós iríamos gastar menos, e de um ponto de vista do meio ambiente, ter uma economia que ainda oferece um crescimento do PIB, mas com muito menos energia.”

Escrito por Catherine Bolgar

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