Desde o surgimento da impressão 3D na década de 80, as aplicações da técnica nos diferentes segmentos da indústria vêm se tornando cada vez mais amplas. Entre eles, os ramos da biotecnologia e da farmacêutica atuam constantemente em pesquisas na área da saúde (confira aqui a postagem que falamos sobre o uso da impressão 3D na medicina). A sintetização de órgãos, por exemplo, já permitiu a impressão de células tronco embrionárias (humanas), a impressão de vasos sanguíneos e tecido cardíaco, a impressão de cartilagem e ossos e, a impressão músculos e tecidos humanos, assim como a pele também.
Neste contexto, no fim deste primeiro trimestre, cientistas da Universidade de Northwestern anunciaram o sucesso de um experimento realizado com ovários impressos em 3D. A pesquisa foi feita em ratos fêmeas que tiveram seus ovários removidos cirurgicamente, e com uma prótese simulando a estrutura capaz de suportar as células produtoras de óvulos imaturos. Tal estrutura foi desenvolvida através de um material derivado do colágeno (proteína fundamental na constituição do tecido conjuntivo, que sustenta outros tecidos no corpo) e revestida com folículos ovarianos (que proporcionam o ambiente para o crescimento do ovócito, que dão origem ao óvulo).
A equipe responsável pelo teste foi liderada pela Ph.D. Monica M. Laronda, especializada em engenharia biomédica e biologia molecular. O procedimento adotado permitiu que a prótese criada substituísse os ovários removidos. Como resultado, os folículos ovarianos envolvendo a estrutura se ligaram aos vasos sanguíneos e permitiram aos roedores cobaias a restauração do ciclo hormonal. Depois disso, os animais ovularam e, como resultado, uma ninhada de filhotes de ratos nasceu e com saúde.
A notícia foi muito bem recebida, tanto pelo meio acadêmico e pelas instituições de pesquisa, quanto pela indústria e clínicas especializadas no tratamento de infertilidade e, claro, para as mulheres que buscam alternativas para a fertilização. Mais a fundo, a própria doutora Monica mencionou ver possibilidades, no futuro, para o tratamento beneficiar mulheres transexuais.
Infertilidade Feminina.
Atualmente, cerca de 12% da população mundial sofre algum tipo de infertilidade, incluindo homens e mulheres. Entre as mulheres, diversas razões podem resultar nessa infertilidade, no entanto, elas podem ser resumidas nestes seguintes grupos:
Causas ovarianas e ovulares (síndrome dos ovários policísticos, insuficiência ovariana prematura e hiperprolactinemia – secreção em excesso de prolactina);
Fertilização (encontro do espermatozoide com o óvulo);
Tubárias ou do canal endocervical (endometriose, infecções pélvicas, consequências de cirurgias – como cirurgias para o câncer de colo);
Passagem do embrião: da tuba à cavidade uterina para o endométrio (desenvolvimento inadequado do endométrio, malformações uterinas, endometrites).
Com este primeiro sucesso realizado em laboratório, os pesquisadores acreditam que em um futuro (agora, menos distante) as aplicações do processo em seres humanos podem se tornar realidade. Ainda que o caminho seja longo, através da impressão 3D, o mesmo método poderá ser utilizado em mulheres que nasceram com alguma deficiência no ovário, sofreram com a remoção deles, ou ainda, que tiveram algum dano sofrido – como, por exemplo, em tratamentos quimioterápicos, em que a radiação causa danos irreversíveis no sistema reprodutivo da mulher.
Parcerias diversas estão sendo feitas entre as unidades de pesquisa (universidades) e instituições médicas especializadas em infertilidade no intuito de encontrar mulheres dispostas a participar dos testes em seres humanos.
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