As possibilidades de uso das peças feitas em 3D são cada vez mais diversificadas. Utilizada por grandes empresas de aviação para imprimir peças em 3D para aeronaves, esta tecnologia está ultrapassando fronteiras antes nunca imagináveis. Na área de defesa, essa tecnologia de impressão 3D pode contribuir para a fabricação de peças únicas de forma rápida e com baixo custo. Se antes havia a preocupação de que os objetos em 3D fossem resistentes o bastante para suportar altas temperaturas e outras situações extremas, hoje já é possível afirmar, a partir das pesquisas e testes que vem sendo realizados, que essas peças serão o futuro da indústria bélica e aeroespacial de muitos países.
Em Taiwan, por exemplo, pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Chung-shan se aliaram recentemente ao Ministério de Economia e Defesa do país para a fabricação de peças bélicas. Uma impressora 3D será desenvolvida com finalidade exclusiva de produzir protótipos metálicos para serem usados pela indústria militar do país. Segundo o subdiretor da Divisão de Mísseis e Foguetes do Instituto, Jen Kuo-Kuang, além de melhorar e diminuir os custos da fabricação dessas peças, essa novíssima impressora 3D permitirá recriar componentes bélicos específicos que já não são mais fabricados pela indústria bélica comum, como é o caso dos equipamentos de alguns submarinos antigos de Taiwan.
Já nos Estados Unidos e no Reino Unido, a impressão 3D vem sendo usada para a composição mísseis, caças e drones. Engenheiros da tradicional Raytheon, norte-americana fabricante de mísseis, vem utilizando essa tecnologia há algum tempo: “Nós estamos imprimindo demos de muitos dos componentes perseguidos. E nós demonstramos um motor de foguete impresso. Nós já imprimimos 80% do que vai dentro de um míssil”, afirmou Chris McCarroll, diretor do Instituto de Pesquisa Lowell da Universidade Raytheon de Massachusetts.
A prioridade mais atual dos engenheiros da Raytheon é elaborar um sistema autônomo, único no mundo, que permitirá a impressão de mísseis 3D no próprio campo de batalha. “Antes de um soldado poder imprimir um míssil no campo, você vai precisar de qualidade, processos controlados para fabricar todos os componentes de materiais: os reforços metálicos, os conectores de plástico, os semicondutores para os processadores e os energéticos para os sistemas de propulsão. A parte mais difícil desse sistema”, comentou McCaroll, “é a confecção de conexões, como por exemplo, o controle do circuito integrado que recebe o comando para acender os fusíveis. Em algum momento a médio prazo você poderá ligar chips a impressões interconectadas. Ou, no futuro, talvez você apenas irá imprimi-los.”
No Reino Unido, a impressão 3D já está presente, há cerca de um ano, na produção de peças para os caças da Força Aérea Britânica (RAF), tecnologia desenvolvida e testada no país através da multinacional BAE Systems. Mais recentemente, a indústria bélica do Reino Unido apresentou um drone inteiramente feito a partir da impressão 3D. Montado num navio da Royal Navy (Real Marinha Britânica), esse drone alçou voo para um teste, o qual foi bem-sucedido. A aeronave, de apenas 3 quilos, voou sozinha até ser conduzida por um operador remoto para o pouso de barriga em uma praia. O professor Andy Keane, engenheiro da Universidade de Southampton – que trabalhou para a construção do drone – disse: “A chave para o aumento do uso de veículos aéreos não tripulados (UAVs) é a simples produção de baixo custo e de fuselagens robustas. Acreditamos que o nosso pioneiro drone, feito de nylon 3D impresso, fará avanços nos projetos da comunidade UAV em todo o mundo.”
Mas o céu não é o limite, literalmente, para o uso da tecnologia 3D. Se na Espanha a Airbus Defesa e Espaço já vem imprimindo os componentes de seus satélites, nos EUA, a NASA quer utilizar essa tecnologia não apenas para produzir os equipamentos necessários para os astronautas terem autonomia em suas missões, mas pretende construir – ou melhor, imprimir – as bases espaciais inteiramente com a tecnologia 3D.